Inventário, Separação e Divórcio Extrajudiciais – No novo Código de Processo Civil
O novo Código de Processo Civil, sancionado, no dia 16 de março de 2015, pela presidente Dilma Rousseff, trouxe novidades no campo extrajudicial.
Alguns artigos da Lei nº 13.105/2015, que cuidam do inventário e partilha, divórcio e separação consensuais lavrados pelos notários, serão objeto de análise.
O sistema românico-germânico (civil law) adota um sistema notarial, denominado “notariado latino”, adotado nos países de origem latina (pelo Brasil).
O notário, a serviço das relações jurídico-privadas, recebe uma delegação do Estado para redigir documentos dotados de fé pública. Como jurista, exerce função assessora, de assistência, conselho e formação da vontade das partes e de adequação ou conformação daquela vontade ao ordenamento jurídico.
A função do notário não consiste em dar  fé a tudo que veja ou ouça, seja válido ou nulo, mas em dar fé conforme a lei. Existe, portanto, um controle da legalidade do negócio, cabendo ao notário detectar: incapacidades, erros de direito ou de fato, coações encobertas, fraudes à lei e, eventualmente, reservas mentais e simulações, absolutas ou relativas. Assim, por meio da redação e autorização de documentos válidos e conformes à lei, pelo seu conteúdo, e eficazes e executórios pela sua forma, os notários facilitam, escrituram ou tornam desnecessária a intervenção dos tribunais.
Com a Lei nº 11.441 de 2007, o Código de Processo Civil de 1973 sofreu alterações possibilitando a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa.
A Resolução nº 35, de 24 de abril de 2007, do Conselho Nacional de Justiça, disciplinou a aplicação da Lei nº 11.441/2007 pelos serviços notariais e de registro e regulou as disposições referentes à separação consensual e aos outros institutos trazidos pela lei supra.
A redação final do novo Código de Processo Civil posiciona-se no sentido de que o instituto da separação ainda existe no ordenamento brasileiro, a redação final previu de forma expressa o referido instituto, assim como o do divórcio direto.
O Conselho Nacional de Justiça não alterou a redação da Resolução 35, mantendo todos os
artigos e referências à separação consensual.
 Vejamos o quadro comparativo abaixo, com alguns exemplos:
Art. 100. É competente o foro: 
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento;        
 | 
Art. 53.  É competente o foro: 
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: 
a) de domicílio do guardião de filho incapaz; 
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; 
 | 
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos: 
I - em que o exigir o interesse público; 
Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores.       
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite. 
Abril de 2015 
 | 
Art. 189.  Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: 
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; 
§ 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. 
§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação. 
 | 
Art. 731. 
  A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os
  requisitos legais, poderá ser Art. 1.120. A separação consensual será requerida em
  petição assinada por ambos os cônjuges. 
Art. 1.121. A petição, instruída com a certidão de casamento e o
  contrato antenupcial se houver, conterá 
 | 
  
Art. 731. 
  A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os
  requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os
  cônjuges, da qual constarão: 
 | 
 
Art. 1.124-A.  A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do
  casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser
  realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas
  à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao
  acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção
  do nome adotado quando se deu o
  casamento.        
 | 
  
Art. 733.  O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união
  estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos
  legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as
  disposições de que trata o art. 731. 
 | 
 
§ 1o  A escritura não
  depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro
  civil e o registro de imóveis.     
 | 
  
§ 1o A escritura
  não depende de homologação judicial e constitui título hábil para qualquer
  ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições
  financeiras. 
 | 
 
§ 3o  A escritura e
  demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as
  penas da lei.   
 | 
  
Nenhum comentário:
Postar um comentário